domingo, 7 de fevereiro de 2016

Leveza

É retroalimentação em nós,
mas sem nós apertados,
só laços então desatados,
sendo livres e acompanhados,
mesmo que pareçamos sós.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

De todas? Não mesmo!
Você tem olhos benevolentes
que me fitam e me vêm
com carismas da alma e do corpo,
por isto pensa que, alhures,
outrem tenha a mesma percepção.
Pois então, não são todas que vêm meu ser
e, portanto, não são todas que me têm por lindo.
A lindeza minha está, como toda real lindeza,
posta apenas aos sentidos aptos.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Inspiração

08/04/2015

Quando vi já tava rindo
E nem pensei em segurar
É que vocês estavam vindo
Para ver eu me entregar


Deixei de rir para cantar
Foi uma troca passageira
Já que o pinho a acompanhar
Trouxe força verdadeira

O canto voltou a ser riso
Numa leveza embriagante
E num clima tão preciso

Chegando a ser ressonante
Que pra vocês este improviso
Vem do plano mais distante

domingo, 26 de abril de 2015

Presença

Quando eles vêm para nos receber de mãos dadas, emanando a Luz, seus braços, suaves no acolher, dizem o que palavra não traduz. As cores despertas nos fractais dos olhos da Majestade Ancestral, conduzem-nos às limpezas reais, abrindo, então, portal por portal. As Forças seguem puxando pro fundo, espiralando na calda da serpente, desiludindo o que há deste mundo, nos ensinando a viver no presente.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

É tudo tão triste! Essa coisa que era morna e que agora está fria! Essa falta de harmonia que nos faz pisar nos pés (um do outro) enquanto tentamos desesperadamente acertar ao menos um passo na dança. Essa dança que não segue o ritmo da música que, por sua vez, é tocada por instrumentos desafinados e cantada por uma voz rouca que quase já não se escuta!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Uma cama é pouca
e um quarto quase espaço despedaçado.
O ninho haveria de ser o mundo
sem fronteiras, sem limites, com Sol, com Lua...
A entrega em amplitude e amplidão.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Do Carpaccio ao Tostado

É mais inteiro quando servido cru,
mesmo com impurezas o gosto é real.
A tenra carne ou o rijo cereal
se revelará tal a um guru.

Quando ao fogo o preparo é lançado
forma gostosa ilusão ao paladar,
doce em amargo pode se tornar,
puro prazer de viver enganado.

Eis que em toda a estrada viajada
os dissabores e os sabores se mesclam
para que farto tenha sido o jantar.

Mas, de todas as iguarias que restam,
a mais válida de se experimentar
será a mão, na do outro, encontrada.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Evanescer

A história evanesceu por descuido,
uma exclusão, um bloqueio da percepção.
Cavalaria pisando as porras ali jogadas
ou estouro da manada assustada e perdida.
Sobretudo a venda sobre a fronte revolta
e as topadas em chãos ainda tão férteis,
o dedo em riste e o espelho não notado,
a culpa esgueirada para a unilateralidade.
O café quente, a pizza fria, o chá de pacote...
Todos os gostos alterados com o tempo.
Uma ou outra palavra de poderes curativos,
mas tão ineficazes quanto os gestos afins
(é verdade, gestos não mais tão afins).
Memória incapacitada às antigas belezas,
memórias descartadas por desmazelo cru,
harmonia extinta por deliberação das faltas.
Então, o adeus não dito ou aceno mudo.
A história evanesceu por descuido.

Quero-quero

 (10/01/2014)

Quero o passo, quero o traço
rumo ao que reverbera,
pela corda que incinera,
música de apertar o laço.

Quero a curva, quero o campo
aberto ao meu pé descalço,
atento a todo percalço,
em caminho de pirilampo.

Quero-quero, quero-quero...
Voar mais que já voei,
ter, do tudo que sonhei,
o amor puro e sincero.

domingo, 27 de outubro de 2013

Soneto Arrependido

Eu, que já fui caminhante perdido,
vejo-me agora com olhos da verdade.
Houve tropeços e muita maldade...
a ferros marcado, um arrependido.

Neste caminho, no qual tudo é tão louco,
existe arrependimento sem culpa?
Dos meus lábios secos, salta a desculpa
dita aflita como um grito rouco.

Quem olha de lá já não tem mais fé.
Palavras e gestos são vãos nos momentos
do tempo passado querer se firmar.

Mas eis que os calos de torpes lamentos
Desfazem com o tempo, podendo mostrar
Que passo após passo é o que a vida é.