quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Pensares

As palavras não ditas fazem com que as possibilidades aumentem,
mas as palavras ditas podem servir de sementes às possibilidades.

Tenho buscado ficar bem sozinho, a cada dia, desde que percebi que é nossa projeção da felicidade que nos faz imaginar que a felicidade é um estado externo. Quando conseguir encontrar a expressão pura da felicidade, aquela que ninguém pode extirpar de mim, estarei pronto para ser feliz com todas as pessoas. Então deito na cama e ela me toca, faz amor comigo durante boa parte da noite. Hoje ela ainda não chegou, mas já está bem perto. Ela entra pela janela do meu quarto e nem pede licença. Invade tudo e expulsa a escuridão que outrora era avassaladora, expulsa a solidão, me faz acreditar em mudanças, acreditar na Vontade, mas também traz saudade. Sim! É ela, a Deusa de todas as forças, Grande Mãe e minha consorte.

Ela me diz para que não tire as partes de mim. Diz para tirar apenas as partes que não me cabem. E do lugar de onde saírem essas partes que não me cabem, é para colocar mais coisas minhas que, divinamente paradoxal, podem estar por aí... Assim eu estarei sempre cheio e carregado de mim e de minhas próprias forças, sendo mais forte, nada conseguirá me deixar com sentimento de vazio e consequentemente os sofrimentos serão menores ou nulos. Isto porque não faltará o pedaço que, em verdade, pertence a outrem.

Eu amo o contato com a Terra. Gosto de andar descalço no chão de barro, sentindo algumas vezes as folhas secas embaixo dos meus pés. Gosto de sentir o cheiro de mato que quase se transforma em gosto quando a vida chora a alegria de um novo dia através das gotas do orvalho matinal. Gosto de ver o sangue da Mãe correr livre e me banhar nele enquanto entoa o seu “chuá”. Gosto de me embrenhar. Mas há o lado perturbador, pois o tempo passa e, quando nos olhamos no espelho, vemos pessoas vestidas com roupas que o dinheiro comprou, com jóias que o dinheiro comprou. Às vezes estamos dentro de um carro que o dinheiro comprou e "precisamos" de uma casa que o dinheiro comprou ou alugou, estamos mergulhados na selva de pedras onde quase não se escuta a voz ou respiração da Mãe. E tudo isto porque um dia o dinheiro comprou algum valioso conhecimento. Mas, felizmente, às vezes, nos damos conta de que o dinheiro não comprou as coisas mais simples e que nos fazem realmente felizes, leves, livres. Nos damos conta de que há conhecimentos gratuitos e que estão muito além do dinheiro. E aí vemos que o trabalho é apenas uma ferramenta, que ele é um meio e não o fim.

E é assim... Aos poucos eu vou acordando. Aos poucos vamos todos acordando. Aos poucos encontramos em nós mesmos o sagrado, nos percebendo Deuses.
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Colagem de retalhos digitados aos amigos através do messenger.

Um comentário:

Anônimo disse...

Essa eu gosto por ser tão desnudo, o verbo.

A felicidade e o amor nunca estão esquecidas pelos bardos, as projeções de felicidade também em questionamento circular...
Esconder-se do sofrimento é a busca do consumo, dos amantes e dos poetas, mas em sí, realizada a meta, finda a poesia.
De seguir vivendo, em rima e verso, cabe atento... a pira leve.

Beijos

Minha Terra