terça-feira, 24 de abril de 2012

Despertar

Pensava que os véus de Maya deveriam cair para que todos pudessem vê-la nua, para que todos pudessem apreciar sua beleza e seu horror, mas a ele foi permitido o despertar para sair do campo onde os humanos são cultivados como matéria orgânica que serve apenas para gerar a energia necessária ao movimento da Máquina. Ao acordar e sair do campo, percebeu que nem todos estavam preparados e que, inclusive, muitas vezes faziam questão de reforçar os véus de Maya, para que sua face estivesse sempre oculta e os prazeres fortuitos se fizessem mais entorpecentes aos sentidos. Percebeu que muitos pensavam e se questionavam acerca da verdade, mas que mesmo estes desconheciam o paradoxo que envolve o mundo pós sono. Então ponderou sobre a paciência, sentiu a dificuldade ao ver tantos perdidos e escravizados, lembrou que o paradoxo fala principalmente que os opostos se tocam. Resolveu falar aos que julgava preparados, às vezes apenas falava ao ar, como quem escreve um código de leitura randômica, para que alguns pudessem decodificar a mensagem e ascender ao plano pós sono de acordo com seu grau de preparo. Assim ele segue sua jornada, nem sempre próximo da paciência que almeja, mas tentando e conseguindo ou apenas continuando a tentar.

Um comentário:

Dafny disse...

Perfeito adorei ^^... Nunca mais vc escreveu Sol...